sábado, 10 de maio de 2008

Ninguém

Enquanto ela caminha, ri e gargalha no meio daquelas pessoas, mostrando a felicidade que se instala em seus pulmões, fígado e pâncreas.-Ela é tão feliz que até assusta.Susurra alguém do outro lado da calçada. Se ela tivesse ouvido, certamente responderia:-Se assusta você, nobre colega, imagine a mim, que finjo o tempo todo algo que já não existe tem tanto tempo.E não mentiria desta vez. Seus olhos já estão mais opacos, não brilham tanto. Suas noites de sono se extendem pela noite toda. Já não sai mais. Não usa o telefone. Nem repete os mesmo planos dos ultimos anos.Nos finais de semana, não precisa fingir que está tudo bem. Ninguém se importa, e os que se importam, ela não consegue enganar.As vezes ela tem vontade de sair falando meia duzia de verdades, meia duzia de palavras grosseiras, mas verdadeiras. Mas desiste logo em seguida. Ninguém vai apoiar ela. E ninguém vai abraçar-la assim que se arrependa.Na verdade Alguém não vai estar lá quando ela chegue em casa. o Alguém que ela tanto esperar abraçar…

Nenhum comentário: